segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Pensando em tudo o que me rodeia, desde as folhas das árvores caídas no chão que piso aos pingos da chuva que vejo da minha janela, das pessoas com cara de carneiro mal-morto às mais fascinantes, não deixo de achar que esta vida se encerra apenas e tão somente sobre nós próprios. Se algum dia tive a visão romântica de que há um punhado de pessoas com quem posso contar para sempre, cada vez mais me desengano. Pelo menos, não sempre. E não, não tenho propriamente pena, porque eu mesma não sou um exemplo. Embora tente estar lá. Estar. Ser. Estar lá, e sermos mais do que um. O desequilíbrio das relações, a falta de solidez bombardeia-nos a todo o momento, os momentos nem sempre são favoráveis (mas por acaso têm que ser? Temos que agradar às pessoas só porque sim?). No fundo o ser humano, a meu ver, tende muito mais facilmente para o negativismo, a colocar culpas no outro como se fosse somando condões de inglória que justificam os seus actos. Para quê? A vida é só isto? Não digo isto por ter uma visão pessimista da vida, mas porque são factos que comprovo todos os dias, na minha vida e na dos outros. A vida é só isto? Pergunto: a vida é só isto? É, para quem não tem mais nada que fazer. Para quem quer perder tempo a complicar esta vida estúpida, que passa num ápice. Eu não quero pertencer a esse lado. Porque acredito nas pessoas, mesmo que elas me magoem, e porque sei que por vezes quem me diz as piores coisas, é quem melhor me quer. Porque acredito em tudo o que vivo, e sei que enquanto acreditamos nas coisas elas são reais. Apesar de tudo, e ainda que acredite em algumas pessoas como disse, sei que elas se esquecem. Que complicam a existência delas e dos outros, com sentimentos mesquinhos. E pensar na vida delas é muito mais importante, quase sempre... Por isso, porque não contar muito mais comigo? É uma espécie de defesa e de força interior. Absolutamente necessárias nos dias de hoje. Ela vem do além, de um sítio que eu sei, e que amo. Mais do que tudo na vida. (Plus grand que l'amour)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009



Uma criança pinta o seu cão enquanto ele dorme. Dois seres delicados (sim, o cão também é), numa situação casual e inocente. Para mim, as melhores "pessoas" do mundo, sem sombra de dúvidas. No sentido da humanidade e fidelidade para com os seus próximos. É impressionante, e uma ternura para o olhar...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dar tempo (ao tempo)

Ó tempo… dá-me lá um tempo. Corres tão depressa que até me assustas. Parece que ainda ontem tinha dez anos e todas as certezas do mundo cravadas no meu peito. Ainda me lembro que queria ser enfermeira, achava eu que tinha vocação para aquilo... só porque gostava de curar as feridas da minha avó. Como se isso bastasse... Corria pela casa com os sapatos da minha mãe, enormes para mim... mas isso nem importava, sentia-me crescida. Achava que de saltos altos podia chegar onde quisesse. Adorava brincar às mães. Meu Deus! Ainda me lembro... do meu nenuco preferido... era careca, com uma roupa simples, e tinha o corpo feito em algodão... era de longe o que eu mais gostava. Caía-me nas mãos como se fosse feito para mim. Lembro-me perfeitamente da minha frustração quando de manhã, antes de ir para a escola, o deixava na cama - na minha cama - e ele não aquecia. Não percebia o porquê... Hoje já sei. Eu era apenas uma menina. Uma criança sonhadora e inocente. Como afinal, todas são.
Queria fazer um acordo contigo. Em dias como hoje, de chuva, podias passar muito rápido. Agora em todas as coisas boas, eu gostava de ter mais tempo. Eu sei que é egoísmo da minha parte, que todas as coisas têm um tempo para ser vividas e que a nossa construção enquanto seres humanos passa por todas as fases. Também sei que os momentos piores parece que duram milénios, enquanto que os bons rapidamente nos fogem e vivemos em busca de mais, sempre mais. Isso é errado, não gosto que me fujam, que duvide deles só porque não acontecem no dia seguinte. As coisas quando acontecem devem ficar registadas. Para o bem e para o mal. Deveria ser assim, pelo menos. Poupavam-se muitas angústias.
De que és feito, afinal?  Às vezes não sei responder-te, desculpa. Passamos a infância a brincar à vida de adultos, como se essa fosse uma viagem cheia de sonhos. E é, realmente. Mas de repente, cá estamos nós, na vida que tanto queríamos. Em crianças, como é claro. E nem houve tempo... aliás, houve, mas nem demos conta.
Como é bom ser criança... como é bom ser inocente e acreditar na beleza das coisas... de todas as coisas que ainda estão por viver. Vou-te pedir uma última vez que pares de correr. Passa por mim... mas devagar. E desculpa lá qualquer coisa, às vezes eu sei que também não te respeito. No fundo, só te quero porque és especial...