segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"Julgava-me muito rico por ter uma flor única no mundo e, afinal, só tenho uma rosa vulgar...
Foi então que apareceu uma raposa.
- Olá, bom dia! - disse a raposa.
- Olá, bom dia! - Respondeu delicadamente o princepezinho.
- Anda brincar comigo - pediu o princepezinho. Estou tão triste...
- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Ainda ninguém me cativou...
  Andas à procura de galinhas? (diz a raposa)
Não... Ando à procura de amigos. O que é que "cativar" quer dizer?
... Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
Laços?
Sim, laços - disse a raposa. - ...
Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo e eu serei para ti, única no mundo...
(raposa) Tenho uma vida terrivelmente monótona...
Mas se tu me cativares, a minha vida fica cheia de Sol.
Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? ... não me fazem lembrar de nada. É uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então quando eu estiver cativada por ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti...
- Só conhecemos as coisas que cativamos - disse a raposa. - Os homens, agora já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
E o que é preciso fazer? - Perguntou o princepezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada . A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar mais perto...
Se vieres sempre às quatro horas, às três já eu começo a ser feliz...
Foi assim que o princepezinho cativou a raposa. E quando chegou a hora da despedida:
- Ai! - exclamou a raposa - Ai que me vou pôr a chorar...
... Então não ganhaste nada com isso!
- Ai isso é que ganhei! - disse a raposa. - Por causa da cor do trigo...
Depois acrescentou:
- Anda, vai ver outra vez as rosas. Vais perceber que a tua é única no mundo.
O princepezinho lá foi... - vocês não são nada, disse-lhes ele. - Não há ninguém preso a vocês... - não se pode morrer por vocês...
.. A minha rosa sozinha. vale mais do que vocês todas juntas, porque foi a ela que eu reguei, que eu abriguei... Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e até, às vezes calar-se. Porque ela é a minha rosa.
E então voltou para ao pé da raposa e disse:
- Adeus...
- Adeus - disse a raposa. - vou-te contar o tal segredo. É muito simples:
Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...
Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. Mas tu não te deves esquecer dela.
Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa..."

in O Principezinho, de Antoine Saint-Exupery

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ser mulher





Desde a primeira vez que vi este anúncio, gostei dele. Mais do que isso, fez saltar de mim o melhor de ser mulher: o romantismo, a capacidade de sonhar e a oportunidade única que uma mulher tem de fazer alguém sentir-se especial. Nasci numa família de muitas mulheres e posso dizer que têm sido elas a inspirar-me dia a dia. Com elas tenho passado dos melhores momentos da minha vida e aprendido muito. É impressionante o poder dos genes e, no nosso caso, olhando para elas consigo sentir que temos a génese da nossa existência em tudo semelhante. Pelo menos acreditamos nos mesmos ideais e movemo-nos em função de valores de aproximação e criação de laços. Devo à minha Mãe, primeira mulher da minha vida, o fascínio que tenho por todas elas. Carinhosa ao limite, forte nas adversidades, justa e protectora, um dia, em pequenina, disse-lhe "Um dia quero ser como tu".


E quero mesmo! Um dia... todos os dias.

(Banda sonora: Billy Joel, She's always a woman)